A primeira grande condição para o processo de aprendizagem é que as crianças se encontrem em um ambiente emocionalmente preparado, livre de ameaças ou maus-tratos. Quando insistimos que palmadas, gritos ou castigos deveriam ser revistos como recursos falidos para a educação da criança, se deve às consequências desastrosas que tem no cérebro da criança, no seu desenvolvimento e na sua adaptação às distintas situações do cotidiano. A criança que não tem controle emocional não pode aprender adequadamente.

Um ambiente físico e emocionalmente propício é adequado para que o cérebro da criança encontre condições excelentes para aprender. Tenhamos em conta que, durante os primeiros anos de vida, ela desenvolve as capacidades de controle emocional. No entanto, isso só é, realmente, possível quando a seu lado está um adulto sensível e emocionalmente mais maduro, que funcione como seu trainer emocional, ajudando-o a voltar à calma uma e outra vez.

Há crianças que vivem em um entorno hostil. Continuamente são ameaçados, castigados ou levam palmadas. Seus pais acreditam que, ao fazê-lo o estão corrigindo. A criança passa a ter medo dos maus-tratos e, por isso, tende a bloquear suas necessidades, tornando-se “cordeiros”. Claro, isso gera uma confusão. Bato, logo meu filho me obedece. Pode parecer isso racionável, mas não é. Quem bate não educa. Quem bate, gera na criança um estado de alerta permanente.

Controle emocional x estado de alerta

O cérebro da criança criada em um entorno com ameaças, gritos, palmadas e desqualificações, ativa seu “alarme de emergência”, elevando seus níveis de cortisona, hormônio associado ao estresse. A consequência disso é um cérebro em constante “estado de alerta” que não terá as condições necessárias para aprender. Isso é completamente oposto à busca pelo controle emocional.

Quando essas situações hostis perduram no tempo, o estado de alerta passa a ser permanente. A criança vive, portanto, um estresse tal que pode acabar tendo a estrutura do cérebro danificada. Ao estar em estado de alerta, a criança aprende apenas a sobreviver na sua pequena selva, deixando de acessar às funções superiores de seu cérebro, à parte mais racional.

Reforçamos a ideia de que, os primeiros anos de vida marcam o que a criança será por toda a vida. Nesse período, ela necessita de um co-controle emocional. Em outras palavras, necessita que seus pais e/ou cuidadores de confiança o ajudem no processo de aprender a controlar suas emoções. Apenas assim poderá, mais adiante, chegar ao autocontrole emocional. Quando esse entorno ótimo não se dá na primeira infância, essa capacidade vai se tornando cada vez mais difícil de ser desenvolvida.

Comportamentos típicos das crianças em estado de alerta

As crianças sob estresse podem reagir de maneiras distintas, segundo sua personalidade. Em ambos casos, veremos que, o mais comum, é tornar invisível o descontrole emocional e rotulá-las negativamente. Como professora, posso afirmar que, esses comportamentos são observados facilmente, quando as crianças estão em grupo.

1. Crianças ansiosas

Por um lado, há crianças que, por não terem aprendido a controlar suas emoções, em situações de estresse, reagem com atitudes intranquilas e agressivas. Dessa forma, continuamente podem roer as unhas e morder os lábios. Também apresentam desequilíbrios emocionais, como gritar ou jogar coisas longe. Essas crianças são rotuladas como “más” ou mal-educadas. Quando isso ocorre, tornamos invisível sua dor.

2. Crianças silenciosas

Por outro lado, há aquelas que mostram reações menos evidentes. Por medo, se retraem, deixam se se interessar pelo jogo educativos. Essas crianças não se interessam pelo aprendizado. Tornam-se complacentes com os adultos e acabam bloqueando suas próprias necessidades para se adaptar às dos outros. Esse grupo é mais difícil de identificar e, muitas vezes, são confundidos com meninos ou meninas sem dificuldades. É comum serem rotulados de “vagabundos” ou “sonsos”.

Desenvolvendo o controle emocional

Promover uma mudança de mentalidade é a situação ideal para promover o desenvolvimento positivo da criança. Mas, claro, é preciso que cada adulto responsável pela criança reveja suas próprias condutas. Ninguém disse que é fácil a mudança, mas é evidente sua necessidade e urgência.

Uma das alternativas é buscar ajuda nas redes de pais e mães que buscam educar seus filhos com limites, mas em um entorno tranquilo e saudável. Devemos ter em conta de que não devemos cuidar apenas da saúde física de nossos filhos, mas também de sua saúde mental. E se isso ainda não ficou tão claro, recomendamos que você leia o artigo Por que você deve bater em seu filho? Veja 8 motivos!

Ao buscar criar esse ambiente ótimo para a criança, garantimos que ela se torne capaz de reconhecer, expressar e controlar suas emoções, para buscar soluções racionais para seus problemas. Devemos sempre perseguir uma real educação emocional para nossas crianças.

Na nossa web há um monte de ideias de atividades para trabalhar as emoções com as crianças em casa ou na escoa.

* Visto em @Estrés y Aprendizaje, de Chile Crece Contigo.

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