A Psicologia Adleriana, fundamentos nos quais se baseia o programa da Disciplina Positiva, nos diz que, desde que nascemos, todos nós necessitamos sentir que pertencemos e que somos valorizados pelas demais pessoas que compõem nossos grupos sociais. Quando criamos essa conexão com os outros, e além disso nos sentimos úteis para essa comunidade, naturalmente tendemos a ser colaborativos, cooperadores, nos ajudamos, damos nossas ideias e nos comunicamos melhor porque nos sentimos seguros, valorizados e amados.

Mas, quando essas necessidades vitais não estão cobertas, começamos a experimentar vazios emocionais que nos fazem sentir inseguros, isolados, amargados, tristes, vingativos, ignorados, etc. Essas emoções e pensamentos (sem ser conscientes disso) levam a nós, adultos e crianças, a nos comportarmos de maneira distinta, inadequada, desafiadora e, até, violenta. Esses comportamentos, na Disciplina Positiva, chamados “metas erradas” buscam pertencer, de uma maneira errônea, escondendo debaixo de nosso desejo e necessidade real que é de que nos vejam, de que nos percebam, de que nos amem.

A Analogia do iceberg nos ajuda a entender o comportamento inadequado de crianças e adultos. A ponta do iceberg que é o primeiro que se vê é, na realidade, um grito de ajuda. É uma necessidade insatisfeita, escondida debaixo do oceano (a massa do iceberg que não se vê). Portanto, quando um pai quer corrigir um comportamento desafiador, o primeiro que deve fazer é satisfazer a necessidade insatisfeita que a impulsiona.

Castigos, gritos, sermões, prêmios (que apenas condicionam o comportamento), retirada de privilégios, ameaças, etc. são todas ferramentas punitivas que, sem dúvidas, detém a conduta, mas não a modificam a longo prazo, nem tampouco ensinam habilidades para a vida. As crianças deixam de fazer o que fazem de maneira momentânea, porque tem medo das represálias que os adultos impõem a elas. Mas, passados alguns dias, a conduta reincide e o ciclo de mau comportamento volta a começar.

Na Disciplina Positiva, para começar a modificar a conduta, usamos a ferramenta “Conexão antes de correção” (primeiro conecto e depois corrijo). Trata-se de envocar no que a criança precisa (amor, proteção, passar tempo com ele, carinho, limites, motivação, etc.), no lugar de enfocar somente no que a criança faz para chamar a atenção. Os pais, professores e cuidadores, devemos ser como uma espécie de “mergulhadores” e dar um mergulho no oceano profundo para tratar de ver o que há debaixo. A pergunta que sempre devemos nos fazer é: “O que a criança e/ou adolescente quer me dizer através de seu comportamento desafiador?, O que sente falta em mim? Quando as crianças (e todos) percebemos, da parte das pessoas com as quais nos relacionamos, um esforço genuíno por tratar de entender-nos e nos apoiar, estamos mais dispostos a colaborar e a buscar soluções aos problemas do dia a dia.

Em toda a relação interpessoal, a primeira porta que devemos abrir para começar a buscar alternativas que nos unam, no lugar de nos afastar, é sempre a conexão, porque, lembremo-nos de que não se pode arrumar nenhum problema de fundo se só ficamos dando voltas na superfície.

* Texto de Carla Herrera, treinadora de Disciplina Positiva na Família e na Primeira Infância. (@Gran Pequeño Humano)

Disciplina Positiva

Através da Disciplina Positiva aprendemos a centrar-nos em potenciar habilidades em nossos filhos para que possam ser capazes de solucionar problemas por eles mesmos. Também reconhecemos que castigos físicos e psicológicos não são recursos que favoreçam a criar crianças com autonomia, responsáveis e independentes. Saiba mais:

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