Um dos temas mais discutidos em nosso país é o jogo Baleia Azul. Ele ficou famoso após uma adolescente suicidar e tantos outros adolescentes apresentarem sinais de violência cometida contra eles mesmos. Foi assim como esse jogo, e a série da Netflix 13 Razons Why levantaram um debate delicado, porém muito importante, sobre adolescentes que tiram sua própria vida.
O fato, por si só, é chocante. Nenhuma menina decide suicidar por que sim, por uma brincadeira. Como uma adolescente, sem aparentes problemas, pode chegar a suicidar por conta de um jogo? No afã de encontrar uma resposta que justificasse seu comportamento, a primeira culpa recaiu diretamente sobre os pais que, permissivos, preferem deixar os filhos abandonados aos tablets e celulares, não dedicando tempo a seus filhos e a descobrir o que lhes passa.
De certo modo concordamos com isso, pois, cada vez, estamos perdendo momentos de convivência com seus filhos. O trabalho cansa e a rotina em casa também esgota. Ter o filho a nosso lado fisicamente parece o suficiente para que digamos que é uma criança ou um adolescente sem problemas. Claro, vive em uma boa casa, tem pais que o vigiam, não sai à rua com ‘maus elementos’, não bebe, não se droga.
Fato é que estar ao lado fisicamente não é o suficiente. É preciso dedicar tempo à relação pai e filho, para que se possa fortalecer o vínculo entre ambos. Quando temos o filho em casa, mas ele está vendo televisão, no celular todo o tempo ou jogando no tablete, e eu, como mãe ou como pai, estou em outras atividades, deixamos que nosso vínculo afetivo fique cada vez mais fraco. Quando isso ocorre, a relação já não se estabelece na confiança e, em momentos de perigo, a criança não recorrerá aos pais para falar com eles o que sente ou o que lhe passa. Não o faz porque sabe que não será ouvido. Seus pais estão muito ocupados para prestar atenção no que quer dizer.
Mas, em lugar de refletir sobre o por que essa adolescente não se sentiu cômoda para contar a seus pais o que lhe ocorria, muitos decidiram reproduzir a cultura da violência, divulgando em redes sociais imagens como estas:
Gera indignação que haja pessoas que, no lugar de refletir sobre o suicídio, incitam a violência, ao comparar gerações que nada tem a ver e que não é mais sã porque tenha sofrido maltrato físico e verbal de seus genitores.
Durante muito tempo esse recurso era bem visto, pois demonstrava que o pai era autoritário e tinha poder sobre seus filhos. Atualmente, essa prática já é condenável, pois não faz mais que perpetuar a violência.
Não demorou muito para que várias entidades repudiassem tal movimento em favor dos castigos físicos.
A Rede ‘Não Bata Eduque’ emitiu um comunicado no qual afirmava:
“A Rede Não Bata, Eduque repudia a movimentação em favor dos castigos físicos no caso do desafio da ‘Baleia Azul’. Suicídio é algo muito grave para ser tratado como indisciplina ou falta de correção. Dados mostram que crianças e adolescentes têm cada vez mais tirado a própria vida. A solução envolve informação, apoio especializado e, acima de tudo, afeto. Violência jamais.”
De fato, ao levantar a bandeira da violência, quem o faz não se dá conta de que a sociedade atual se vê doente justamente consequente daquela cultura violenta, marcada por castigos e surras. Os pais aprenderam a não bater, mas ainda lhes falta aprender a dialogar com seus filhos, escutá-los, colocar-se a seu nível, dedicar-lhes mais tempo, estabelecer com eles um vínculo importante que lhes permita sentir o apego, o afeto e o amor de seus pais. Não é com mais violência que conseguiremos transformar o mundo em um lugar mais empático e de paz.
O positivo nessa história é que o tema gerou também várias publicações que visam a informar os pais sobre os sinais que deve observa em seu filho que possam indicar que necessita de ajuda.
No entanto, a melhor inciativa é o Desafio da Baleia Rosa, com o fim de estimular jovens e adultos a desenvolver ações positivas que contribuam para construir um mundo de paz, com sujeitos capazes de desenvolver empatia e compaixão.
Clicando na imagem abaixo, você descobre as tarefas a serem executadas.
Desenvolvimento Infantil
Ler sobre o desenvolvimento infantil permitirá você compreender melhor seu filho e, dessa forma, ajuda-lo desde o respeito e o amor, sem gritos nem castigos. Visite nossa seção: