O terceiro dia de confinamento foi superado com nota 10. E, nesta publicação, vamos abordar o brincar livre em casa. Como podemos permitir a criança trabalhar sua criatividade a partir de proposições que convidam a criança ao jogo.
A princípio, o governo chamou a população à responsabilidade. Ainda assim, muita gente não fez caso ao pedido e continuou pelas ruas. Agora é sério. Ninguém pode sair de caso salvo em situações imprescindíveis. Há policiais por todas as ruas controlando e as multas são bastante elevadas para quem desobedecer a ordem de confinamento.
A essa situação, colocamos boa cara. Como? Preparando o ambiente para que a criança possa brincar livre em casa. Pensem que aqui não se trata de estar em casa e poder dar uma voltinha em algum momento. Aqui é confinamento real, dentro de um apartamento, o que já é bastante limitador em relação a morar em uma casa com jardim e/ou quintal.
Sendo, assim, relato o terceiro dia de confinamento em casa cheio de proposições que renderam muito tempo de brincadeiras.
De manhã
Em nossa casa, o café-da-manhã nunca é o primeiro. Laura sempre tem que brincar com algo para depois comer. Quem está lendo nossos relatos sobre a quarentena da nossa família, terá visto que, no sábado, encontrei uma maravilha no quarto da pequena, pouco antes de dormir.
Essa foi a ocasião ideal para introduzir novos elementos de jogo não estruturado. Nesse caso, refiro-me às mandalas GRAPAT. Esse é um material que, com certeza, vamos usar muito. Como sempre, a primeira exploração se da de modo livre e já foi surpreendente ver tudo o que Laura conseguiu criar. Fez um sol, um mar com as gotas azuis, um jardim com rosas e as esferas coloridas da GRIMM’s eram os ovos da pata. Todo o contexto muito bem pensado. Todo o trabalho que vocês veem em pouquíssimas imagens para ela durou quase toda a manhã de jogo.
Enquanto Laura brincava criando um autêntico minimundo para a pata e seus ovinhos, aproveitamos para trabalhar. Também me deu tempo de terminar de organizar a varanda de casa, para que se torne um espaço mais para uso da pequena e nosso nos dias de sol. Esse é o nosso único espaço exterior. Então, mãos à obra.
Basicamente, o espaço está composto de uma mesa sensorial e um quadro-negro para desenhar. Para começar, criei um minimundo do Rei Leão. Também à disposição utensílios para exploração. Aliás, não deixe de acessar o link abaixo e ver como fazer uma mesa sensorial super fácil.
Essa foi nossa manhã. Almoçamos juntos. A pequena se deitou na cabana improvisada para ler o livro O Corpo de Bóris para sua boneca. Em seguida, lemos juntas o livro Menina Bonita do Laço de Fita, de Maria Clara Machado e pronta pro soninho da tarde.
De tarde
A tarde preparamos duas atividades: uma de música e outra grafomotora. A pequena quis primeiro brincar de música. Aproveitando um jogo de instrumentos musicais que ganhou quando ainda completava seu primeiro aniversário, brincamos de música. Cantamos e tocamos os instrumentos. A cada nova cantiga, tínhamos que trocar de instrumento. Foram momentos muito divertidos, cheios de musicalidade.
Em quanto à grafomotricidade, aproveitando as mandalas GRAPAT, desenhamos traços para serem completados com as peças. Todo um sucesso! Laura gostou um monte da atividade. Dizia o quanto aquelas peças eram interessantes pois podiam ser um monte de coisas. Foi super interessante ver como ela fez uma classificação das peças por sua tonalidade na hora de traçar.
Terceiro dia de confinamento e já vamos nos dando conta de que a pequena começa a ter muita energia retida. Em um apartamento não é fácil oferecer meios para isso. Ainda que tentemos fazer brincadeiras de movimentos, nunca é o mesmo que correr livremente, andar de bicicleta ou patins. Essas eram suas atividades preferidas. E sua rotina era bem outra. Todos os dias, depois da escola, passava duas horas no parque brincando, jogando bola, correndo e pedalando sua bicicleta.
Para minimizar essa energia que, mais cedo ou mais tarde, explodirá de alguma forma, optamos por dispor os pequenos espaços da casa com atividades permanentes que requerem algo de movimento. Por exemplo, fizemos um chute a gol. Com uma caixa de papelão e bolas, sozinha ou em família, Laura se diverte tentando acertar a bola no gol. Foi um acerto. É um jogo que está simplesmente e a criança brinca sempre e quando sente a necessidade de descarregar sua energia física de alguma forma.
Para além disso, já de antes dessa história toda de ter que ficar em casa, Laura tem à disposição uma série de panos e fantasias com as quais se divertir e criar mundos imaginários. Foi assim que, de repente, surge na sala com uma manta e diz: “Olhem, sou Elsa” e começa a cantarolar e dançar por toda a sala.
De noite
Jantamos e… festa na piscina de bolas. A pequena da casa se entusiasmou. começou a brincar, jogar todas as bolas pelo chão. Em meio à bagunça que se formou na sala lhe expliquei: “Depois temos que recolher tudo. Foi um momento de muita diversão. Ela estava, incrivelmente, alegre. Ria muito com as próprias palhaçadas.
Dando a hora de se preparar para dormir, recordei-lhe que tínhamos que recolher. Foi, então, que lhe propus. Aproveitando que somos três e as cores das bolas também são três, cada um de nós podíamos nos responsabilizar por uma cor. Ela concordou. Então gritei: “1, 2, 3 e já”. Quando começamos a jogar as bolas para dentro da piscina, ela se irritou. “Nãaaaao! Não é assim! Primeiro eu, depois o papai e depois mamãe.” Ela está em uma fase sensível para a ordem. É uma necessidade sua organizar e estabelecer critérios para a ordem.
Foi bem interessante, porque primeiro recolhemos todos juntos as bolas brancas. Depois as beges e, por último, as cinzas. Trabalhamos, assim, a coordenação motora, a coordenação olho-mão, a agilidade, o respeito aos turnos de cada um, a ordem.
Antes de dormir, fizemos a leitura do conto Estrelas e planetas, de Pierre Winters.
É, parece que as próximas jornadas prometem turbulências. A segunda metade do dia foi de bastante atividade de movimento, a partir de brincadeiras que ela mesma foi criando no espaço da casa. Por agora não tivemos nenhum conflito em casa. Vamos ver como vamos levando a situação.
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