Como uma criança aprende a esperar nunca tendo esperado antes? Imagine-se um bebê que sempre foi ajudado quando precisou. Se tinha fome, tinha o peito. Se estava sujo, era trocado. Se fazia frio, era coberto. Isso se repete uma, duas, dez, trinta e cinco, cem vezes.

Agora imagine-se que, um dia, a mamãe foi tomar um banho e justo o bebê se desperta e começa a reclamar porque já se aproxima o horário de comer. Espera um pouquinho e a mamãe não chega. Reclama um pouco mais forte e, finalmente, sua mamãe sai do banho e vai amamenta-lo (quem não viveu algo assim?).

Esse bebê, mesmo pequeno, havia tido experiências em que havia sido satisfeito e, por isso, essa vez, pode esperar, chamando, mas não se desesperando. Ao crescer ainda mais, graças a uma mamãe que está pronta para satisfazer as demandas de seu ser humaninho, se tivesse que esperar, sem dúvidas vai poder fazê-lo, inclusive mais que antes.

E assim, cada vez mais à medida que cresce. A criança agora espera sabendo que a atenção vai chegar, porque essa experiência ocorreu muitas vezes. Espera com a certeza de que o que precisa vem.

Do contrário, um bebê cujas necessidades nunca são satisfeitas, que chora durante horas para ser atendido, acabará sendo um bebê que vive, constantemente, em espera desesperada, com muita ansiedade, e seu cérebro muito prejudicado pelo estresse. Ou deixa de pedir e “se resigna”.

Não chorar, não reclamar e não brigar para defender o que me faz bem não é bom. A criança que pede (os bebês pedem chorando), positivamente, pensa, sabe que será escutada e atendida.

Não aprendemos mediante a privação e a falta. Pelo contrário. Quanto mais somos escutados, ajudados, compreendidos, satisfeitos, mais seguros e fortes seremos em um futuro para esperar.

Não por resignação, mas sim com a certeza de que isso que necessitamos em algum momento chega. Não é fantástico crescer assim?

* Texto de Rosario Valente, psicóloga (@rosariovalentepsicologia)

Disciplina Positiva

Através da Disciplina Positiva aprendemos a centrar-nos em potenciar habilidades em nossos filhos para que possam ser capazes de solucionar problemas por eles mesmos. Também reconhecemos que castigos físicos e psicológicos não são recursos que favoreçam a criar crianças com autonomia, responsáveis e independentes. Saiba mais:

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