Desde sua maior difusão, muitas críticas à criação com apego tem surgido. Entre elas a de que o método exige um grau de atenção tão elevado por parte dos pais para com a criança, que parece impossível ter uma carreira profissional ou trabalhar fora.

Por exemplo, não se recomenda levar o bebê à creche, pois mais de 20 horas semanais, já que, estar nesse ambiente por tanto tempo poderia trazer-lhe consequências negativas relevantes para sua vida no futuro. O melhor, então, é estar em casa, onde estará melhor atendido, posto que os pais (ao menos um deles) está dedicado por completo ao cuidado dos filhos.

Segundo o famoso pediatra espanhol, Carlos Gonzalez, grande defensor da Criação com Apego, levar uma criança à creche é um ato antinatural. Um bebê de 6 meses não deveria ser separado de seus pais por tantas horas e passar a estar com eles apenas à noite. As mães são separados de seus filhos muito cedo, quando ainda não estão preparados. Podemos imaginar as necessidades afetivas que não serão supridas em todo esse tempo que estiver na creche.

Claro que aqui há um grande sentido. Em um ambiente assim, um cuidador se ocupa de, ao menos, 3 bebês. Dificilmente conseguirá atender a todos ao mesmo tempo e suprir a necessidade de cada um deles.

Há países no mundo que veem o fato de ter um filho como algo importante e que deve ser tratado adequadamente dentro da sociedade e pelos governos. Na Alemanha, por exemplo, apenas 6% das crianças menores de 3 anos vão à creche.

Nós temos pensado não levar nossa filha à creche ou ao pré-escolar até os 5 anos de idade. Nossa ideia ainda não é completamente fechada, logo podemos mudar de ideia no meio do caminho, caso vejamos necessidade. Nossa escolha, contudo, não tem a ver com o argumento proposto pela criação com apego, mas sim após ter visto a série ‘O Começo da Vida’. Nela, os cientistas afirmavam que, a primeira infância (dos 0 aos 3 anos) é a fase mais importante do desenvolvimento cognitivo do ser humano.

Após estudos de caso, cientistas descobriram que, um bebê que frequenta a creche podem ter seu desenvolvimento psicomotor e cognitivo comprometidos. Isso porque passam boa parte de seu tempo deitados em berços, olhando para o teto, ou um móbile, quando estão acordados. Nesse período que passa nessa posição, não está sendo estimulado. Devemos pensar que o cérebro está em formação e precisa de estímulos constantes para fazer as conexões neuronais e, assim, permitir a maior fluidez do pensamento e da linguagem.

Isso não significa que todos os bebês que vão à creche tem o desenvolvimento comprometido. Conta o tempo em que fica no ambiente, o tipo de instituição onde está (há creches que adotam uma metodologia baseada no apego), bem como o tempo que seus pais lhes dedicam quando estão em casa.

No meu caso, realizo meu trabalho em remoto, não tendo a necessidade de me deslocar até o local da empresa. Isso me permite ter minha filha sob meus cuidados, sem precisar levar à creche ou à pré-escola. No entanto, sei que esta não é a realidade da maioria. E o certo é que nenhuma mãe deveria se sentir culpada porque tenha que deixar o seu.

Acredito que a teoria é perfeitamente adaptável à dinâmica de cada casa. O mais importante é que, ao chegar a casa, dedique tempo de qualidade à criança. Isso não significa apenas trocar fralda e dar de comer. Mas sim, atender as suas necessidades de apego, de carinho e de amor. Estar junto, beijar, abraçar e brincar. Fazer parte de seu desenvolvimento, estimulando-o com brincadeiras e jogos.

Outra crítica à criação com apego é que nos tornamos escravos dos filhos. Esse acredito é um discurso bem montado por aqueles que querem insistir na manutenção de uma sociedade extremamente competitiva, na qual o trabalho (esse sim escravo, durante horas e horas do dia, mas remunerado) tenha que ter prioridade em relação aos filhos.

Não é preciso ser inteligente para perceber que, de certo modo, somos escravos remunerados. Trabalhamos para aumentar a riqueza de uns poucos no mundo. A maioria ganha um salário que serve para cobrir as necessidades básicas. Logo, nesse mundo capitalista-escravista, há pais que não veem seus filhos crescer durante toda sua infância, consumidos pela ambição de fazer mais em seu trabalho e ser um homem ou uma mulher bem sucedida.

Lembro-me da exposição de uma enfermeira norte-americana que afirmou que um dos maiores arrependimentos dos pacientes terminais era ter dedicado mais tempo aos filhos. Claro, se trabalho posso garantir o melhor para minha criança. O que é o melhor? Melhor escola, melhores brinquedos, melhores viagens, melhores cursos de idiomas… O ideal é que pudéssemos dar tudo isso, mas que também déssemos mais amor, mais beijos, mais abraços, mais carícias, mais aconchego, e que tivéssemos mais momentos de lazer, de brincadeiras, de diversão juntos.

O que temos que ter em mente é que a criação com apego oferece muitas propostas boas para conseguir um bom vínculo com nossos filhos e o desenvolvimento de uma série de suas capacidades. Entretanto, acredito que segui-las ao pé da letra não é garantia de sucesso na educação dos filhos, pois há uma série de fatores que influenciam. Alguns deles seriam:

. Cada criança nasce com sua personalidade. Seus três primeiros anos são determinantes, mas, as relações que estabeleça com as pessoas, ao longo da vida, determinará nossa capacidade adulta de solucionar os conflitos.

. Nem todos os pais apresentam as condições idealizadas por esse estilo de criação. As adversidades são muitas: filhos de pais separados, filhos criados por avós, filhos criados pela creche.

. Você pode aplicar a criação com apego, mas se vai à uma escola baseada na competitividade, pode ser que uma jogue em contra a outra na formação do caráter de seu filho.

Não cumprir com todas propostas não significa que a criança tenha que ter problemas no futuro, ou seja, que tenha que ser mimado, reclamador, cabeça-dura, desobediente…

Claro que, lendo a filosofia da criação com apego, parece que nós pais devemos ser sujeitos perfeitos e disponíveis tanto física como emocionalmente durante toda a completa jornada, pois não o fazendo, nossos filhos poderiam ter um caminho tortuoso e nós nos sentiríamos culpados. No entanto, há uma flexibilidade. O importante como pais é seguir nosso instinto e encher nossos filhos de amor e carinho.

O importante é que nenhuma teoria deve se transformar em religião para as pessoas, porque se cai no mesmo erro de julgar severamente as demais. Um dos problemas de da criança com apego é a existência de muitos fundamentalistas, quem estão prontos a criticar aqueles que seguem a teoria mas não conseguem cumprir ao pé da letra seus princípios.

Deveria se tratar de buscar um equilíbrio

Por exemplo, considero muito interessante a recusa ao castigo físico e verbal à criança. Realmente isso é um maltrato infantil. Não gera mais que medo e insegurança no sujeito. E isso é combatido seja por quem segue a criação com apego, seja por quem segue somente a sua intuição materna ou paterna na hora de criar.

De fato, o vínculo será estabelecido de uma maneira ou de outra com o cuidador e ainda que possamos ter a nossa disposição uma série de conselhos de como melhorar a autoestima de nossos filhos, como desenvolver a empatia, a responsabilidade, etc, será sempre dando uma resposta às necessidades da criança, de uma maneira sensível e efetiva que conseguiremos formar, de fato, o apego. Nesse sentido, muito contará seguir nosso instinto na hora de criar, afinal apenas nós, pais e mães, conhecemos nossos filhos.

A chave do apego seguro, a meu ver, é estabelecer uma relação de confiança e empatia com nossos filhos. Nesse ponto, acredito que ensiná-los a reconhecer as emoções e serem capazes de administrar cada uma delas pode contribuir muito para isso. Saber dialogar com nossos filhos, deixando-lhes claro que somos sus cuidadores e que pode contar conosco quando o necessite é fundamental.

Por fim, as críticas à criação com apego acabam por ser construtivas, pois nos ajudam a criar uma consciência maior sobre a importância do cuidado afetivo e efetivo com nossos filhos.

Criação com Apego

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