Triste Dia das Crianças! Nós hoje não celebramos este dia, porque nos dói a realidade vivida por milhares e milhares de crianças em nosso país. A data destinada a homenagear os meninos e meninas perde o sentido quando nos tomamos conhecimento do triste retrato da infância no nosso país.

No Facebook, os perfis são inundados com fotos de infância. Os pais tentam aproveitar as últimas ofertas para garantir o presente da criança. Também buscam organizar um dia divertido. É o dia do pique-nique, do passeio no parquinho ou no shopping.

Mas de fato temos algo que festejar neste dia? Proponho 10 motivos para não celebrar o dia de hoje.

Triste retrato da infância no Brasil

O brasil tem 61,4 milhões de crianças e adolescentes (de 0 a 19 anos). Veja o retrato real da infância em nosso país e, ao final, reflita se há motivos para celebrar o Dia da Criança!

1) Apenas cerca de um quarto das crianças de 0 a 3 anos tem acesso a creches. Pasmem! Já é sabido que a primeira infância é determinante no que será o adulto no futuro. Um país que não investe nessa etapa da infância deixa vulnerável toda uma geração.

2) O Brasil possui 2.486.245 crianças e adolescentes de 4 e 17 anos fora da escola, segundo levantamento feito pelo Todos Pela Educação com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad). O montante representa cerca de 6% do universo total de alunos.

3) Brasil tem 3,3 milhões de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil (entre 5 e 17 anos), segundo levantamento feito pela Fundação Abrinq.

4) Vivemos em uma cultura na qual se julga com severidade quando um homem bate em uma mulher, mas perpetua a cultura da violência como criança. Milhares de pais batem em seus filhos, justificando a agressão em argumentos torpes, tais como:

  1. Bater não é espancar.
  2. Bater não mata ninguém.
  3. Bato porque fui criado assim.
  4. Quem apanha não cresce revoltado.
  5. Bater é corrigir no momento.
  6. A Lei Menino Bernardo é absurda.
  7. O mundo está violento porque já não se pode bater em filho.
  8. Não bater é criar uma criança mimada.

5) No ano passado, o Disque 100 recebeu 76 mil denúncias sobre violações registradas contra crianças e adolescentes. Dentre elas estão negligência, que mostra a ausência ou ineficiência no cuidado (com 37,6%), seguida de violência psicológica (23,4%), violência física (22,2%) e violência sexual (10,9%).

6) Menores de idade são principais vítimas de estupro em nosso país. Chega a um 70% do total de casos registrados. Em sua maioria são mulheres e de baixa escolaridade. Se ler isso já é duro, doi ainda mais dar-se conta de que 24,1% dos agressores das crianças são os próprios pais ou padrastos, e 32,2% são amigos ou conhecidos da vítima. Logo, o principal inimigo está dentro de casa e que a violência, muitas vezes, ocorre dentro dos lares.

7) Quase 6 milhões de crianças vivem em situação de extrema pobreza no Brasil. Dados do Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil apontam que 17,3 milhões de crianças até 14 anos vivem em domicílios de baixa renda, dos quais 5,8 milhões em situação de extrema pobreza. São crianças que convivem diariamente com o aumento da violência, o estímulo ao trabalho infantil, a falta de saneamento básico, uma pior condição de saúde.

8) Em dados de 2015, 10.465 crianças e adolescentes foram assassinadas em nosso país. De acordo com dados do ano passado, do total de homicídios no país, 19% deles foram praticados contra crianças e adolescentes, 80% deles com armas de fogo.

9) Quase 188 mil crianças apresentam peso baixo, e 69 mil apresentam peso muito baixo para sua idade, segundo dados do Ministério da Saúde.

 

10) Trata-se de uma data comercial que ajuda a aprofundar as brechas entre ricos e pobres em nossos país. Não todos os pais tem como comprar brinquedos para seus filhos. Os ricos esnobam os brinquedos eletrônicos mais modernos. Os pobres se contentam com o que se pode ganhar, novo ou usado. Se incentivássemos  mais o jogo livre e os brinquedos alternativos, certamente as crianças se divertiriam juntas e usariam da criatividade para viver este dia.

Como virar a página e escrever uma nova história?

Enfrentar esta dura realidade pela qual as crianças passam em nosso país requer uma mudança cultural profunda. Nós devemos ser os agentes dessa transformação. Somente quando deixarmos para trás a cultura da violência, pondo fim à cultura do mau-trato físico e psicológico como método de educação. A perpetuação da violência apenas ajuda a que tenhamos uma sociedade doente e com baixa autoestima, incapaz de lutar pelos direitos fundamentais do ser humanos. Precisamos começar a defender uma cultura baseada no respeito e no amor poderemos promover uma cultura da paz. 

Nosso grãozinho de areia estamos colocando através de nossa web.

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