O célebre escritor e divulgador científico Eduard Punset nos deixa claro: as crianças precisam de amor para se desenvolver e para crescer. Qualquer carência emocional sofrida deixa uma lacuna nesse cérebro infantil determinando o adulto que será no dia de amanhã.

Não é qualquer coisa. E mais, se temos em conta que, durante muitos anos, vivemos sob o método Estivill, esse enfoque condutista, agora corrigido, que recomendava aos pais não atenderem o choro do bebê durante a noite. Esse tipo de práticas vão contra a própria natureza humana e derrubam, em um instante, milhares e milhares de anos da evolução, na qual nosso cérebro conta com o atual nível de desenvolvimento graças a nossa capacidade por conectar, por conferir amor, segurança e afeto.

O cérebro humano e, ainda que pareça poético, se rege pelo amor. Somos criaturas sociais. Nossos neurotransmissores e nossas estruturas neuronais se desenvolvem com base nas nossas interações cotidianas com quem as rodeia. Necessitamos afeto para crescer, segurança para nos desenvolvermos e atenção de pais (ou cuidadores) que saibam atender a criança quando necessite.

Todas essas emoções positivas criam raízes e põem os cimentos do adulto que nosso filhos será no dia de amanhã.

O cérebro do bebê se alimenta de amor

Admitamos. Há não muito tempo, o funcionamento do cérebro do bebê era desconhecido. Muitas mães se regiam sempre por esse instinto natural que lhe dizia que o amor, o atender o choro e o não se separar do bebê durante os dois primeiros anos de vida é algo natural e necessário.

Entretanto, mais tarde chegaram essas novas ideias que nos convidam a criar crianças mais hábeis, mais espertos e maduros. Propuseram-nos adiantar etapas, tirar a fralda antes, não atender o choro e ensinar-lhes a ler quando ainda não sabem nem correr. Todos esses enfoques vão na contramão do próprio desenvolvimento cerebral da criança.

A atenção na infância: chave para a saúde mental

Eduard Punset nos dá uma visão muito clara em seu livro “A viagem ao amor” (2997) e em suas entrevistas no programa “Redes”. Educar com amor é educar em saúde mental para propiciar um desenvolvimento são, feliz e maduro nessa criança que, no dia amanhã, será um adulto realizado, sem carências, sem medos, sem inseguranças.

  • Sue Gerhardt, conhecida psicoterapeuta e fundadora do “Oxford Parent Infant Project” nos explica que temos de ver a criação desde o conceito do continuum.
  • Quando o bebê chega ao mundo, seu cérebro está imaturo. É somente 30% do que pode chegar a ser. É responsabilidade nossa favorecer esse amadurecimento, esse desenvolvimento harmônico que depende, exclusivamente, de três coisas: alimento, segurança e amor.

Se nos limitamos a cuidar da criança, mas não atendendo esse mundo emocional, seu choro ou suas necessidades de segurança com a clássica ideia de que “assim amadurecem antes”, vamos deixando pequenos vazios, buracos e cantinhos solitários que dão forma ao cérebro de uma criança, que pode se tornar um adulto com problemas.

Permita que esteja muito próximo de você durante os dois primeiros anos de vida

Através dos livros de Eduard Punset sobre o cérebro humano, aprendemos a dominar termos como o cérebro emocional, o hipocampo, a amídala ou o cortisol.

O que tem a ver todas essas dimensões no desenvolvimento do bebê? Muito. De fato é básico.

Pense por um momento o que supõe para um bebê chegar ao mundo.

  • Em seu cérebro somente habitam duas emoções: o medo e a necessidade de se sentir seguro e alimentado.
  • Como pais, como mães, não falta quem entende que uma criança que está em seu peso que come na hora certa e que cresce com normalidade, é uma criança sã. Agora bem, mas… é feliz?
  • Ponhamos o exemplo de que esses pais que se sentem orgulhosos de seu bebê gordinho, não atendem seu choro pelas noites. Tampouco são muito de pegá-lo no colo porque como já sabemos (ironia), as crianças ficam malcriadas.
  • No cérebro desse bebê estarão ocorrendo muitas coisas. A primeira é que terá aprendido que chorar não serve de muito. A segunda é que, ao não se sentir seguro, ao deixar que o medo seja esse habitante persistente em seu cérebro, desenvolva, pouco a pouco, um alto nível de estresse.
  • A amídala cerebral é essa estrutura relacionada com o medo que estimula a produção de cortisol, o hormônio do estresse. Se permitimos que uma criança cresça com carências emocionais, impediremos um desenvolvimento cerebral pleno, porque essa falta deixa lacunas ao longo de todo seu ciclo vital.

Para concluir: devemos educar com amor e favorecer uma aproximação muito íntima durante os dois primeiros anos de vida do bebê. Só assim favoreceremos o desenvolvimento forte e são de seus mecanismos neuronais, para que essa criança cresça com adequada autoestima e fortaleza emocional.

Favoreça o contato física, o contato pele a pele, os abraços, as carícias, a comunicação constante e esse amor autêntico que sabe apagar medos e dar segurança. Todo esforço no presente dá seus frutos no adulto que será amanhã.

* Texto publicado em Eres Mamá

** Tradução livre.

Deixe Uma Resposta