Rima é um recurso linguístico utilizado para criar harmonia sonora em textos, especialmente em poesias e músicas. Acontece quando palavras ou sílabas finais de versos apresentam sons semelhantes. É definida pela repetição de sons a partir da última vogal tônica das palavras. Por exemplo, em “coração” e “paixão”, a rima ocorre na repetição do som “-ão”. Ou, nas palavras “amor” e “flor”, a semelhança sonora das sílabas finais “-or”.

Características da Rima

As características da rima desempenham um papel fundamental na poesia e na música, enriquecendo os textos com diversos efeitos sonoros e estéticos. Vamos explorar cada uma dessas características:

1. Sonoridade

A sonoridade se refere à qualidade sonora produzida pelas rimas que criam um efeito harmonioso e melodioso, que é agradável ao ouvido. Pode influenciar o tom e o clima do poema ou da canção. Por exemplo, as rimas suaves podem evocar sentimentos de calma, enquanto as mais fortes podem criar um efeito mais dramático ou enfático.

2. Padrão Rítmico

É o ritmo estabelecido pela disposição das rimas em um poema. As rimas podem seguir padrões regulares ou variados, influenciando o fluxo do texto. O padrão rítmico contribui para a fluidez da leitura ou da recitação. Um ritmo regular pode trazer uma sensação de previsibilidade e conforto, enquanto padrões variados podem manter o interesse e a surpresa do leitor/ouvinte.

3. Estética e Memória

A estética da rima diz respeito à beleza visual e sonora que ela adiciona ao texto. Ela também facilita a memorização de versos. Textos com rimas são, frequentemente, mais fáceis de lembrar devido à repetição de sons. Isso é particularmente útil em canções, poemas infantis e trabalhos que visam ser memorizados ou recitados.

4. Foco e Ênfase

A rima pode ser usada para destacar palavras ou ideias específicas em um texto. Ao rimar palavras-chave, o autor pode chamar a atenção para elas, reforçando seu significado ou importância no contexto geral da obra.

Cada uma dessas características contribui de maneira única para a experiência geral de um poema ou canção. A sonoridade e o padrão rítmico trabalham juntos para criar um fluxo melódico, enquanto a estética e a facilidade de memorização tornam o texto mais acessível e impactante. Finalmente, o foco e a ênfase permitem que o autor destaque temas e conceitos importantes, garantindo que certas ideias ressoem mais fortemente com o leitor ou ouvinte.

Tipos de rima

  • Rima Consoante: Quando há correspondência completa de sons, tanto das vogais quanto das consoantes. Como exemplo temos um famoso soneto de Luís de Camões:

Amor é fogo que arde sem se ver,

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente,

É dor que desatina sem doer.

  1. Rima Toante ou Assonante: Ocorre quando somente as vogais rimam. Como exemplo, o notável poema “Irene no Céu”, de Manuel Bandeira.

Irene preta

Irene boa

Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:

— Licença, meu branco!

E São Pedro bonachão:

— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

  • Rima Rica: Quando as palavras rimadas são de classes gramaticais diferentes. Por exemplo, o poema “Soneto de Felicidade”, de Vinícius de Moraes.

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

  • Rima Pobre: Ocorre entre palavras da mesma classe gramatical. Como exemplo temos o poema de Carlos Drummond de Andrade, “No meio do caminho”, famoso pelo seu uso repetitivo de rimas pobres.

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

  • Rima Interna: Quando ocorre no interior do verso. Por exemplo, o famoso poema “Aos Vícios”, de Gregório de Matos.

Mostra o peito descoberto,

Sem temor, sem fundamento,

Sem respeito, sem coberto,

Sem disfarce, sem recato,

Na cara, no peito, no ato.

Classificação das Rimas

As rimas são classificadas com base na posição que ocupam nos versos:

  • Rima Encadeada ou Cruzada (ABAB): Quando o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo com o quarto. Como exemplo, temos o poema “Uma criatura” de Machado de Assis.

Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
Com a sofreguidão da fome insaciável.

Habita juntamente os vales e as montanhas;
E no mar, que se rasga, à maneira do abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.

Traz impresso na fronte o obscuro despotismo;
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e egoísmo.

  • Rima Emparelhada (AABB): Quando dois versos consecutivos rimam entre si. Por exemplo, a estrofe de um poema de Ferreira Gullar.

Vagueio campos noturnos (A)
Muros soturnos (A)

paredes de solidão (B)
sufocam minha canção (B)

  • Rima Alternada (ABBA): O primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro. Como exemplo temos uma estrofe de poesia de Álvares de Azevedo:

Minha desgraça, não, não é ser poeta, (A)
Nem na terra de amor não ter um eco, (B)

É meu anjo de Deus, o meu planeta (A)
Tratar-me como trata-se um boneco (B) 

  • Rima Interpolada ou Inserida (ABCB): O segundo verso não rima com nenhum outro, criando um efeito de pausa ou destaque. Por exemplo, o poema “Relíquia Íntima”, de Machado de Assis.

Ilustríssimo, caro e velho amigo, (A)
Saberás que, por um motivo urgente, (B)

Na quinta-feira, nove do corrente, (B)
Preciso muito de falar contigo. (A)

Em resumo, a rima é um elemento vital na poesia e na música, não apenas pela beleza sonora, mas também pelo poder de reforçar significados e emoções. A escolha de um de seus tipos e sua disposição no texto depende do efeito que o autor deseja alcançar, tornando-a uma ferramenta versátil e expressiva na arte das palavras.

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